O que era uma solução temporária devido às necessidades impostas pela pandemia se tornou uma realidade no mercado de trabalho: não por menos, é crescente o número de vagas em que o regime é 100% remoto. No entanto, trabalhar de casa não significa cuidar menos da saúde. Pelo contrário: uma vez que nem sempre o ambiente disponível em casa é adequado, é fundamental conhecer algumas dicas de ergonomia no home office.
Além de tornar a rotina mais confortável, tomar os devidos cuidados com esse aspecto reduz a chance de desenvolver problemas de saúde devido à postura inadequada ou a um esforço feito da forma incorreta. No mais, toda a preocupação com a ergonomia se converte em produtividade. Ou seja, tanto empresas quanto funcionários saem ganhando. Por isso, continue a leitura e veja o que não pode ser ignorado!
Antes de detalhar essa primeira dica, não custa reforçar o que é ergonomia. Trata-se da ciência que estuda a interação entre o corpo humano e um sistema, de modo a otimizar a eficiência de processos sem aumentar o esforço necessário para isso.
A origem da palavra ajuda a entender um pouco melhor o seu objetivo: ergonomia é a junção dos termos em grego “ergon” (trabalho) + “nomos” (regra ou lei). Dessa forma, a ergonomia é o conjunto de leis ou regras do trabalho.
Por falar em lei, na legislação brasileira, todas as regras relativas à ergonomia no ambiente de trabalho estão listadas na Norma Regulamentadora nº 17 e vinculadas à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sempre no âmbito da segurança do trabalho.
Em tese, em um ambiente de trabalho para esse fim, é mais fácil atender ao que dizem as boas práticas de ergonomia. Pense em um escritório, por exemplo: é esperado que ele tenha mesas e cadeiras apropriadas, bem como uma ventilação adequada e uma iluminação que não atrapalhe o desempenho.
Já em casa, nem sempre isso é possível. Quem já trabalha do próprio lar sabe como é tentador se “esparramar” pela cama ou pelo sofá e ficar por lá mesmo o expediente todo. Por isso, a primeira dica é evitar em qualquer hipótese tal opção.
Esses locais não foram anatomicamente desenhados para suportar um corpo projetado sobre um notebook com a coluna corretamente alinhada, por exemplo. No mais, trabalhar da cama pode atrapalhar o sono: o cérebro pode se acostumar à nova atividade e não relacionar o local com a hora de dormir.
Logo, uma mesa e uma cadeira confortável compõem o local apropriado para quem precisa trabalhar em frente a um computador. Ainda assim, tal configuração nem sempre é suficiente.
O monitor, seja ele do desktop, seja ele do notebook, deve estar alinhado com a visão, na altura dos olhos, a uma distância entre 50 e 70 centímetros da cabeça. Isso não só evita que seja preciso ficar curvado para enxergar a tela, como também previne a vista cansada graças à luminosidade.
A cadeira deve permitir que o quadril e os joelhos fiquem em um ângulo de 90º em relação ao chão. Para algumas pessoas, um suporte para os pés resolve esse problema na maioria dos casos.
As costas devem ficar sempre eretas e apoiadas adequadamente no encosto da cadeira. O mesmo vale para os antebraços, principalmente para evitar a tensão do punho. Por último, o ideal é que a cadeira conte com um apoio para o pescoço para prevenir torcicolos devido ao esforço constante de manter essa parte do corpo ereta.
Engana-se quem acha que a ergonomia diz respeito apenas à postura. Exemplo disso é a iluminação, aspecto que é negligenciado com bastante frequência.
Nesse quesito, o ideal é o equilíbrio: do mesmo modo que um ambiente escuro demais prejudica a disposição, o excesso de sol pode atrapalhar a visão, principalmente quando incide de maneira direta.
Dessa forma, o ideal é que mesas e cadeiras jamais fiquem voltadas diretamente para uma janela. No sentido oposto, a iluminação artificial deve compensar a redução da iluminação solar com o passar do dia, sem formar sombras no local de trabalho.
Assim como a iluminação, a temperatura pode afetar a produtividade. Por isso, é interessante dar preferência sempre a ambientes adequadamente ventilados. Na falta de janelas ou de outros pontos de circulação de ar, um ar-condicionado pode resolver o problema. Só é preciso ter atenção para não exagerar na temperatura.
Além de atrapalharem a concentração, barulhos podem aumentar o estresse e ampliar a sensação de cansaço mental ao fim da jornada de trabalho. Logo, quanto mais silencioso for o local de trabalho em casa, melhor.
Nem sempre isso é possível, claro. De qualquer forma, é válido tentar conversar com os familiares para que eles respeitem o horário de expediente. Por outro lado, quando a fonte do barulho foge do controle, é válido investir em protetores auriculares ou fones de ouvido com ruídos brancos (ou outro som neutro) para lidar com o que estiver atrapalhando.
Por fim, dentro do possível, é importante fazer pequenas pausas para garantir o mínimo de movimentação. Ficar o dia todo sentado pode afetar a circulação e a musculatura de diversas partes do corpo.
Assim, o mais indicado é “controlar” o relógio para, de tempos em tempos, levantar e caminhar alguns metros. É possível ir até a cozinha tomar água, por exemplo, caminhando e garantindo uma hidratação adequada como um “plus”. Pequenos alongamentos também podem aliviar a tensão muscular e contribuir para o relaxamento.
Todos esses cuidados, em conjunto, têm o potencial de ampliar a produtividade, melhorar o bem-estar durante o trabalho remoto e evitar uma série de problemas de saúde. Nesse contexto, o ideal é que as empresas e os profissionais atuem de maneira colaborativa para que o ambiente em que as atividades serão desempenhadas seja o mais saudável possível.
Por isso, por mais simples que as dicas de ergonomia no home office sejam, é fundamental não ignorá-las. Afinal, além de ajudarem na conquista de excelentes resultados, o corpo e a mente vão agradecer.
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