Gestão da inovação é a sistematização do processo de geração e implementação de ideias nas empresas. O objetivo é criar uma estrutura propícia para a criatividade e desenvolver soluções inovadoras de forma contínua a fim de gerar valor ao negócio.
Engana-se quem pensa que a inovação está ligada apenas à criação de produtos e serviços revolucionários. Esse tema também diz respeito à inovação no RH, à reinvenção de processos, ao refinamento do modelo de negócios, à abertura de novos mercados, às mudanças na estrutura de governança, à atualização da cultura organizacional e à otimização do marketing.
Quer entender melhor o que é gestão da inovação, quais são os seus benefícios e como implementá-la no seu negócio? Continue a leitura e saiba tudo sobre o assunto!
Para entender melhor o que significa gestão da inovação, é importante que a definição de inovação esteja bem clara, porque é comum haver confusão com invenção e descoberta. No entanto, não é tudo a mesma coisa. Entenda as diferenças:
Como você pôde perceber, inovar não significa necessariamente criar algo do zero. Na verdade, o termo está ligado à renovação e ao aperfeiçoamento. É pegar alguma coisa que já existe e melhorá-la, tornando-a mais funcional e rentável.
O Uber, por exemplo, é uma inovação. Isso porque o serviço de transporte individual já existia: o táxi. No entanto, a empresa revolucionou o mercado ao oferecer ao cliente uma experiência diferenciada e mais prática.
Apesar disso, é bom esclarecer que uma invenção também pode se transformar em inovação. Isso só acontece quando a solução tem aplicação comercial, entra no mercado, tem o seu valor reconhecido pelo público e gera lucros para uma empresa.
Inovação diz respeito às mudanças. No entanto, não é possível reinventar um negócio de maneira desordenada. Isso porque não basta ter ideias inovadoras: é necessário que a empresa tenha uma estrutura para a criação, a implementação e o gerenciamento dessas novidades.
É aí que entra a gestão da inovação. Esse setor é responsável por sistematizar o processo de aperfeiçoamento e torná-lo contínuo. Com isso, é possível analisar a demanda e a viabilidade das ideias, considerando aspectos humanos, financeiros, táticos, operacionais, tecnológicos etc. O objetivo é facilitar a inovação e transformar essas atualizações em lucros reais para a empresa.
A inovação sempre existiu — mesmo antes de receber essa nomenclatura. Afinal de contas, desde os primórdios, o ser humano luta para aperfeiçoar artefatos de caça com o intuito de se alimentar.
No ambiente corporativo, o tema ganhou relevância em 1939 quando o economista Joseph Schumpeter publicou o estudo “Business Cycles: a theoretical, historical, and statistical analysis of the capitalist process” — em português, “Ciclos de negócios: uma análise teórica, histórica e estatística do processo capitalista”.
A teoria reforça a ideia de que as inovações são as principais propulsoras do desenvolvimento da economia capitalista. De acordo com o autor, para que uma empresa saia do seu ponto de equilíbrio e cresça, é necessário que alguma inovação modifique significativamente as condições anteriores.
Nessa época falava-se muito em inovação, mas pouco sobre como geri-la. Na tentativa de coordenar esse processo, muitas empresas criaram departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Nesse contexto, o processo de criação era linear e restrito a um grupo seleto de pesquisadores.
Foi entre 1980 e 1990 que as organizações perceberam que a inovação não deve ser um processo vertical, mas sim baseada em gestão horizontal e interativa. Até porque não é possível desenvolver uma solução inovadora sem considerar a visão de quem vai usá-la, não é mesmo?
A inovação exige o envolvimento de todos os stakeholders de uma empresa: colaboradores, fornecedores, clientes, entre outros. A gestão da inovação começou a ser implementada nesse período com o objetivo de administrar todas essas variáveis e garantir que as inovações, de fato, resultem em lucros para o negócio.
Mais tarde, por volta de 2011, a quarta revolução industrial quebrou paradigmas e criou condições ainda mais favoráveis para as empresas inovarem, tanto do ponto de vista operacional quanto do gerencial. Agora, tudo é conectado e os avanços tecnológicos facilitam a gestão da inovação.
A função da gestão da inovação é estratégica, pois torna a inovação um processo sistemático e, relativamente, previsível. É isso que não apenas suporta a evolução de grandes multinacionais, mas também contribui para o crescimento das PMEs.
Com uma gestão da inovação eficiente, os colaboradores são orientados a “pensar fora da caixa” e gerar ideias com o objetivo de resolver gargalos operacionais e idealizar soluções que otimizam o trabalho ou atendem a uma demanda do mercado.
A área é responsável por criar e gerenciar a estrutura necessária para que a empresa consiga inovar de forma contínua. Além disso, os insights saem do papel e ganham aplicação prática. Em outras palavras, é a gestão da inovação que permite a concretização de novas ideias e garante que elas sejam, de fato, lucrativas.
É uma simples questão de sobrevivência. Com a transformação digital, as empresas estão adotando recursos tecnológicos em todos os processos para deixá-los mais rápidos e eficientes. Quem não aderir ao movimento perderá competitividade.
Para ilustrar a relevância do tema para os negócios, vamos citar o exemplo da Kodak. A empresa monopolizava o mercado de fotografias até 1997, mas viu o império desmoronar por causa da falta de visão e por subestimar a concorrência.
Ao contrário do que muita gente pensa, a empresa não ficou para trás por não prever a chegada da câmera digital. A verdade é que a própria Kodak criou o primeiro modelo desse tipo de equipamento e faturou com a patente até 2007, quando o registro expirou.
No entanto, mesmo com a carta coringa na manga, a marca segurou o lançamento por medo de perder o controle de toda a cadeia de suprimentos: as câmeras fotográficas e, principalmente, os filmes e o serviço de revelação. Até porque boa parte dos rendimentos da empresa vinha desses dois últimos pontos.
Por não dar muita importância para a nova tecnologia — pois, no primeiro momento parecia ser menos rentável —, a empresa não investiu pesado nisso. Foi aí que a concorrência encontrou uma brecha para ganhar mercado. Mais tarde, a Kodak até lançou alguns modelos de câmeras digitais, mas não conseguiu conquistar o consumidor no quesito qualidade.
Quando o número de vendas de máquinas digitais ultrapassou as tradicionais, naturalmente, a comercialização de filmes e o serviço de revelação caiu drasticamente. O preço que empresa pagou pelo comodismo e por não assumir o risco de inovar foi caríssimo: a falência.
Percebeu como a Kodak foi inventiva, mas não inovadora? Ela identificou uma ameaça e, mesmo assim, não se reinventou para atender às novas demandas do mercado. Esse é um clássico exemplo de uma empresa que não resistiu por falta de inovação. A gestão, portanto, é fundamental para manter um negócio competitivo.
Assim como a Kodak, qualquer empresa que ficar parada no tempo pode perder fatias de mercado para a concorrência e até falir. No entanto, muito mais que apenas se manter de pé, investir em gestão da inovação é uma estratégia para dar destaque ao negócio, conquistar mais clientes e fazer a empresa crescer. A seguir, você vai conhecer as principais vantagens de implementar a tática.
Empresas que inovam são valorizadas pelo mercado porque estão sempre em busca do aperfeiçoamento de produtos, serviços e processos. Portanto, aplicar a gestão da inovação no seu negócio é uma forma de melhorar a imagem da marca, ganhar autoridade no mercado e até ditar tendências.
Lembra que inovar significa melhorar soluções para que elas fiquem mais funcionais? São esses diferenciais que enchem os olhos dos clientes e os fazem escolher uma marca em detrimento de outra. Mais: os consumidores estão dispostos a investir um valor superior por soluções inovadoras e diferenciadas. Logo, inovar deixa a sua empresa em vantagem perante a concorrência.
O processo de inovação não é feito de forma aleatória. O setor trabalha com a identificação de ameaças e oportunidades de negócios para conseguir dar passos firmes. As soluções inovadoras são desenvolvidas om base em estudos e análises de tendências.
Isso quer dizer que quando a inovação é sistêmica, fica mais fácil identificar lacunas para desenvolver soluções com potencial para resolver um problema. Assim, é possível ampliar os horizontes da marca, conquistar novos mercados e até descobrir nichos ainda inexplorados.
Uma empresa que fica parada no tempo não perde apenas competitividade e clientes. Os melhores profissionais do mercado estão sempre em busca de desafios e inovar é uma maneira de se superar constantemente.
Além disso, a cultura da inovação estimula o empowerment, pois dá liberdade para que os colaboradores sejam criativos, contribuam com as suas ideias e ainda sejam valorizados por isso. Essa sensação de que eles estão, de fato, ajudando a empresa a crescer é motivadora. É por essa razão que a gestão da inovação contribui para a atração e retenção de talentos.
Gerir a inovação exige um conhecimento profundo sobre todos os recursos que a empresa dispõe: humanos, financeiros, tecnológicos, operacionais etc. Essa análise ajuda a identificar o que compromete a performance da empresa e o que ajuda no aperfeiçoamento. O objetivo é reduzir falhas, desperdícios e retrabalhos para aproveitar os recursos da melhor forma possível. Com isso, a empresa ganha eficiência operacional.
Para tornar a inovação possível, é essencial manter processos bem estruturados e fluidos. Portanto, a gestão também atua na organização e no aperfeiçoamento de processos. Aliás, inovar não diz respeito apenas à reinvenção de produtos e serviços. A adoção de soluções tecnológicas e metodologias para otimização de processos também entra no rol de inovação de uma empresa.
O resultado disso pode ser percebido no aumento da produtividade dos funcionários e da empresa de forma geral. Dessa maneira, é possível escalar as atividades sem necessariamente precisar contratar mais gente.
Toda inovação precisa ser economicamente viável, ter valor para quem vai usá-la e ainda gerar lucros para a empresa. E isso pode acontecer tanto com o aumento na venda de produtos ou serviços quanto na redução de custos do negócio por causa da otimização de processos.
Todos os benefícios citados anteriormente impactam diretamente a lucratividade do negócio. Uma empresa valorizada, que apresenta diferenciais competitivos e ainda expande a atuação para novos mercados, por exemplo, consegue atrair mais clientes e lucrar mais.
Já quanto aos aspectos internos, a gestão da inovação melhora a utilização dos recursos e, por consequência, contribui para a redução de custos e o maior controle das despesas. Isso também reflete nos resultados financeiros da empresa.
Em suma, investir em gestão da inovação não é apenas uma boa prática. Ignorar esse aspecto pode colocar em risco a existência da empresa no futuro. Agora, a pergunta que não quer calar é: como implementar a estratégia na minha empresa? É exatamente isso que você verá a seguir.
Chega de teoria e vamos à prática. Para implementar a gestão da inovação em uma empresa, é necessário começar pelo planejamento. É nesse momento que você precisa definir estratégias e determinar aonde a sua empresa pretende chegar com esse processo.
Além disso, é importante eleger um gestor para a área. O ideal é que esse profissional seja um bom líder — não chefe —, tenha habilidades técnicas e, principalmente, uma boa visão de negócios. Depois disso, é só cumprir os próximos passos.
Nesse momento, você precisa identificar quais são os principais problemas que a gestão da inovação precisa resolver: melhoria de produtos ou serviços, otimização de processos, eliminação de gargalos operacionais etc. Isso dará um norte para a estratégia.
No mais, é essencial também analisar os ambientes externo e interno para identificar forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Uma boa ferramenta para fazer isso é a matriz SWOT. A sigla vem do inglês e significa:
Além de auxiliar a gestão da inovação, essa análise de ambientes internos e externos também pode ser usada para montar o planejamento estratégico de RH.
Em português, benchmarking quer dizer “ponto de referência”. Na prática, esse é um processo de análise da concorrência para visualizar em que posição o seu negócio está em relação às outras empresas do setor.
Essa pesquisa é fundamental a fim de gerar insights que se transformarão em projetos inovadores na sua organização. Ao estudar cases de sucesso — inclusive, de outros setores do mercado —, é possível encontrar inspirações. Em qualquer caso, é imprescindível adaptar a ideia à realidade do seu negócio e introduzir diferenciais para a sua solução.
Uma empresa sem cultura de inovação dificilmente consegue bons resultados. Isso porque é comum que os colaboradores se sintam retraídos em ambientes corporativos que não valorizam as opiniões dos colaboradores. Assim, ninguém se sentirá confortável para expor as suas ideias.
É por isso que a inovação precisa ser incorporada à cultura organizacional. O objetivo é criar um ambiente livre onde qualquer colaborador — independentemente do cargo — possa propor soluções inovadoras.
Todos sabemos que mudar a cultura de uma empresa não é uma tarefa fácil. Por isso, é necessário criar um plano de ação com estratégias para integrar as equipes e incentivar a inovação.
Não adianta criar soluções que não têm sinergia alguma com os objetivos do negócio. Ao colocar práticas inovadoras no planejamento estratégico da empresa, fica mais fácil alinhar as expectativas com a realidade.
Além disso, é nesse momento que você definirá quais são os recursos que serão disponibilizados para o setor: valor do investimento financeiro, materiais, tecnologias, pessoas etc.
Dificilmente o colaborador contribuirá com as suas ideias se trabalhar em um ambiente inóspito e repressor. Para que ele se sinta à vontade, é necessário deixar o espaço mais acolhedor e propício para o desenvolvimento.
Adotar os princípios da cultura de startup, por exemplo, pode ajudar nesse processo. Empresas desse tipo costumam privilegiar a qualidade de vida do funcionário e criar ambientes mais descontraídos com rotinas dinâmicas. Vale até criar premiações para as melhores ideias a fim de incentivar a participação de todos. Pense nisso!
Inovação e criatividade têm tudo a ver. Inclusive, um ambiente favorável contribui para o pensamento criativo. Uma boa estratégia para melhorar o espaço nesse sentido é investir em diversidade.
Ao contratar colaboradores com bagagens diferentes — seja por causa da cultura, idade, orientação sexual, raça ou padrões estéticos —, é possível obter diversos pontos de vista sobre o mesmo problema. Isso ajuda no desenvolvimento de soluções diferenciadas e mais completas.
Além do mais, quando uma empresa demonstra respeito e valoriza as diferenças, os colaboradores se sentem mais confortáveis para serem autênticos. Sem bloqueios ou medos, a criatividade aflora.
Não é só a alta direção que precisa ter consciência da importância da inovação. Todos os colaboradores precisam estar cientes de que esse processo é fundamental para manter a empresa no mercado.
Sendo assim, utilize histórias de sucesso e de fracasso com o propósito de evidenciar a relevância do tema. Colaboradores esclarecidos e cientes do papel que exercem na organização costumam ser mais engajados.
Um processo é uma sequência de operações que são reproduzidas com regularidade. Todos os setores de uma empresa precisam de processos bem estruturados para garantir a eficiência e os resultados previsíveis. Com a gestão da inovação, essa realidade não é diferente.
Em vista disso, crie um fluxo de inovação para orientar o processo. Por exemplo:
Empresas que vivem a transição geracional se beneficiam da mistura de experiências para se aperfeiçoar cada vez mais. Desse ambiente podem sair uma pluralidade de ideias de soluções inovadoras, e ter que escolher apenas uma é um desafio.
Aliás, restringir a um único projeto não é uma boa estratégia. Afinal de contas, para tornar a empresa mais eficiente, é necessário inovar em diversos âmbitos. Portanto, desenvolva vários projetos — desde que eles sejam financeiramente viáveis, claro.
E essa variedade não precisa contemplar, necessariamente, projetos exclusivos da empresa. Ao desenvolver parcerias com fornecedores, clientes e instituições de pesquisa, por exemplo, é possível ampliar a visão de mercado, acelerar o processo e, ainda, dividir responsabilidades, riscos e recompensas. Essa colaboração ajuda a gerar insights para o seu negócio.
Muitas vezes, soluções inovadoras são protegidas por patentes (invenções e modelos de utilidade) e registros (marcas e desenhos industriais). Portanto, é importante ficar de olho se o produto que você pretende implementar, de fato, não existe para evitar problemas jurídicos no futuro.
Quando a sua empresa desenvolver algo também precisa patentear ou registrar a inovação para proteger a solução. Assim, nenhuma outra empresa poderá explorar comercialmente aquilo sem que você autorize e receba por isso.
As Key Performance Indicators (KPIs) — em português, indicadores-chave de performance —, servem para medir o progresso da inovação dentro da empresa. Nesse contexto, é importante acompanhar, por exemplo:
Com essas informações, é possível certificar-se de que a gestão da inovação, de fato, contribui para rentabilidade da empresa. Caso os resultados não sejam positivos, é necessário fazer ajustes na estratégia para corrigir o desempenho e retomar o crescimento.
O que é inovador hoje, amanhã já pode ficar obsoleto. É por isso que a gestão da inovação é fundamental para as empresas. Implementar a estratégia é uma forma de garantir o aperfeiçoamento contínuo, reinventando produtos, serviços e processos. Dessa forma, é possível não só manter a competitividade, mas também fazer a empresa crescer.
Gostou do conteúdo? Então, que tal conhecer mais algumas estratégias com o objetivo de impulsionar os resultados do seu negócio? Baixe agora o e-book “Guia para PMEs: 4 passos para gerar motivação entre funcionários” e saiba como garantir a produtividade da empresa.